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Recomendações da OMS para o tratamento não cirúrgico da dor lombar crônica

Esse tipo de dor nas costas é, na maioria das vezes, tratado com intervenções que não envolvem a cirurgia. Mas o que funciona e o que não?

Há poucos meses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o primeiro guia de tratamento não cirúrgico para a dor lombar crônica, reunindo as recomendações dos mais importantes guias internacionais de manejo dessa condição que, atualmente, causa um grande impacto na produtividade e na qualidade de vida da população adulta.

A dor lombar (ou lombalgia) é a dor localizada na região entre as últimas costelas e a prega glútea, sendo a condição musculoesquelética mais prevalente no mundo. E ela é considerada crônica quando dura mais de três meses.

Em mais de 80% dos casos, a causa é mecânica, ou seja, por questões de postura e sobrecarga – ou a combinação desses fatores. Menos de 10% dos episódios decorrerm de problemas mais graves e progressivos, como infecções, tumores, fraturas e doenças articulares inflamatórias (espondiloartrites).

O manejo da dor lombar crônica comum é fundamentalmente conservador, ou seja, por meio de medicações e intervenções que não envolvem cirurgia. É nesse contexto que a OMS divulgou aquele guia de tratamentos não cirúrgicos, diferenciando o que funciona, o que não funciona e o que ainda está em estudos.

Esse manual foi elaborado levando em consideração os seguintes princípios:

• Centralização do cuidado no paciente, e não na dor unicamente

• Equidade de acesso aos tratamentos

• Não estigmatização na abordagem do paciente

• Tratamento não discriminatório

Após a avaliação dos estudos publicados na última década, a recomendação para que os tratamentos que funcionam contra a dor lombar são:

• Programas de educação ou aconselhamento do paciente que incluam conhecimento da doença e estratégias de autocuidado

• Programas de exercícios físicos

• Terapias psicológicas, como a cognitivo-comportamental e a comportamental operante

• Acupuntura para lombalgia subaguda (entre 1 e 3 meses de duração)

• Massagem e terapias manipulativas, com melhores resultados se associadas a exercícios físicos e para dor entre 1 e 3 meses de duração

• Anti-inflamatórios não esteroidais, preferencialmente para casos agudos e subagudos e uso de curta duração

• Tratamentos tópicos, como as pomadas e géis à base de capsaicina (derivado da pimenta).

Por outro lado, a publicação da OMS aponta que os tratamentos que não funcionam para tratar dor lombar crônica são:

• Ultrassom terapêutico e TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea)

• Cintas e coletes

• Tração da coluna, por meio de aparelhos de aplicam forças de tração na coluna

• Opioides (excepcionalmente, eles podem ser usados nos quais os anti-inflamatórios não esteroidais estejam contraindicados)

• Antidepressivos das classes dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (por exemplo, a fluoxetina) e dos tricíclicos (como amitriptilina)

•Anticonvulsivantes, como a gabapentina

• Relaxantes musculares (embora possam ser usados na lombalgia aguda por curto período)

• Corticoesteroides

• Anestésicos injetáveis, por exemplo a xilocaína

• Perda de peso exclusivamente causada por medicamentos para emagrecimento.

Foram também listados os tratamentos que ainda são objetos de estudos. Dentre esses, são citados:

• Paracetamol, que é um analgésico comum

• Benzodiazepínicos, como clonazepam

• Canabinoides

• Terapia comportamental reativa e terapia cognitiva

• Mindfulness

• Tratamentos tópicos com compostos com Arnica e fitoterápicos

• Perda de peso por meio de intervenções não farmacológicas

O melhor tratamento, contudo, começa com uma avaliação médica criteriosa e um diagnóstico adequado, o que favorece um plano de tratamento.

Sendo a coluna vertebral um segmento fundamental para o esqueleto, várias especialidades médicas estão envolvidas na sua abordagem, como reumatologia, ortopedia, fisiatria, neurologia e neurocirurgia. E, para um tratamento multidisciplinar, outros profissionais da saúde estão envolvidos como fisioterapeutas, psicólogos, educadores físicos e nutricionistas.

*Fabio Jennings é coordenador da Comissão de Mídias da Sociedade Paulista de Reumatologia e dos ambulatórios de Coluna Vertebral e Reabilitação da Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

FONTE: saude.abril.com.br

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