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Inteligência Artificial já é a grande amiga do peito

Tecnologia ajuda na composição de tratamentos personalizados, maior precisão e agilidade dos diagnósticos e realização de cirurgias à distância

Há cerca de dez anos, algumas áreas médicas, entre elas a cardiologia, ganharam o reforço de uma equipe “diferente” e cada vez mais imprescindível quando o assunto é acuidade em diagnósticos e tratamentos. O time responde por Inteligência Artificial (IA), com as subáreas aprendizado de máquina (machine learning), aprendizado profundo (deep learning), além de redes neurais e biomarcadores vocais. Em linhas gerais, este grupo de IA se baseia no uso de computadores que, analisando um grande volume de informações digitais e seguindo algoritmos definidos por especialistas, são capazes de propor soluções para problemas médicos de forma precisa e ágil, reproduzindo tarefas que antes só eram feitas por profissionais e demandavam muito tempo.

As vantagens deste reforço são inúmeras. Entre elas, rápida pesquisa, recuperação e correlação de dados, monitoramento remoto e otimização da classificação de risco de pacientes em tempo real, tendência de doenças, composição de tratamentos personalizados, coleta, armazenamento e cruzamento automático de informações para melhorar a precisão e agilidade dos diagnósticos, realização de cirurgias à distância, dando suporte a robôs, cálculo da dosagem correta de medicamentos, bem como identificação de interação medicamentosa e apoio à gestão de consultórios, clínicas e hospitais.

Na cardiologia, onde a interpretação de imagens é fundamental para diagnosticar, prevenir e tratar, os benefícios são ainda mais específicos, graças à possibilidade de automatizar esta interpretação por meio do reconhecimento de padrões e verificação de anormalidades em exames como eletrocardiograma, ecocardiograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética e medicina nuclear. Também já são utilizados algoritmos de predição de risco, empregados para prever a mortalidade e complicações pós cirurgia cardiovascular e implante de TAVI (cirurgia para substituir a válvula aórtica), entre outros procedimentos.

Embora a IA tenha um potencial de aplicação extraordinário, ainda temos desafios a serem superados. É importante estar atento aos limites éticos de sua aplicação, como o uso indevido, com interesses distintos que não sejam a melhoria de desfechos clínicos e processos; a segurança e confidencialidade dos dados; bem como a necessidade de contarmos com bases de dados confiáveis, entre outros.

A relevância do tema e a certeza de que a IA é um caminho sem volta para a medicina trouxeram a discussão – que foi tema central da última edição da revista científica da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo** – para o 42º Congresso da SOCESP, realizado em junho e que teve um módulo inteiro destinado à inovação e tecnologia, com participação das regionais e startups que atuam em saúde cardiovascular.

E não estamos falando de um processo de vanguarda que só será adotado por médicos recém-formados. A IA já é realidade no dia a dia da prática médica, nos consultórios inclusive, e o foco é um só: salvar ainda mais corações.

Artigo escrito em colaboração com de Fabio Jatene, professor titular de Cirurgia Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diretor do Serviço de Cirurgia Cardiovascular e vice-presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP.

FONTE:SAUDE.ABRIL.COM.BR

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