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É ansiedade, fobia ou ataque de pânico?

Psiquiatra explica quais são os principais transtornos de ansiedade, suas diferenças e sintomas — e quando é hora de procurar um médico

Palpitação, falta de ar, tensão muscular, sudorese, noites sem dormir… Uma ou outra dessas situações já deve ter feito parte da sua vida diante de algum acontecimento importante por vir — pode ser um aniversário aguardado, um casamento ou até mesmo uma prova difícil. E tudo bem! No entanto, se esses sintomas se repetem com frequência e trazem prejuízos físicos e sociais, é hora de procurar um médico.

Afinal, essas podem ser manifestações dos transtornos de ansiedade. Para você ter ideia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: o problema afeta quase 10% da população. Os transtornos de ansiedade incluem a chamada ansiedade generalizada, o pânico e as fobias. São queixas comuns nos consultórios psiquiátricos.

O tratamento dessas condições se baseia, em geral, na associação de psicoterapia e medicações. Vai depender caso a caso, porque não há uma única causa para o transtorno. Ela envolve fatores biológicos (predisposição genética), psicológicos (personalidade, traumas…) e sociais (ambiente, vivências…).

A indicação do tratamento também leva em conta a gravidade dos sintomas, seus impactos na vida do paciente e o tipo de transtorno. Por isso vale a pena entender melhor cada um deles.

O transtorno de ansiedade generalizada

Geralmente, a pessoa apresenta ansiedade e preocupação excessivas, e a sensação de apreensão ocorre na maioria dos dias por pelo menos seis meses. Ela pode estar associada ao desempenho escolar ou profissional ou a outros eventos sociais.

O indivíduo não consegue controlar a preocupação, se sente inquieto e por vezes com a sensação de estar com os nervos à flor da pele. Também pode se sentir cansado ou irritado, com dificuldade de se concentrar ou sofrer com maior frequência aqueles “brancos” na memória. A ansiedade generalizada ainda prejudica o sono e gera tensão muscular.

O diagnóstico e o tratamento buscam, portanto, lidar com esse estado mental e evitar o sofrimento e os prejuízos sociais, acadêmicos e profissionais.

O transtorno e os ataques de pânico

Eles se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo. A característica essencial do pânico é o surto abrupto de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos, durante o qual a pessoa pode experimentar:

  • palpitação, sensação de coração acelerado
  • sudorese
  • tremores
  • sensação de falta de ar ou sufocamento
  • dor ou desconforto no peito
  • náuseas ou desconforto abdominal
  • tontura, vertigem ou desmaio
  • calafrios ou ondas de calor
  • formigamento de membros
  • sensação de estar distanciado de si mesmo
  • medo extremo de perder o controle ou morrer

É bom ressaltar que os ataques de pânico não são sinônimo de transtorno do pânico. Em muitos quadros de ansiedade, a pessoa tem ataques de pânico. No transtorno em si, a pessoa tem o medo de desenvolver um ataque de pânico, ou seja, é o medo do medo. E, aí, esse indivíduo tende a ter crises recorrentes.

As fobias

São marcadas pelo receio ou a repulsa acentuada diante de um objeto ou situação. Pode ser o medo exagerado de altura, de animais, de injeção, de sangue etc. O objeto ou situação que desperta fobia é ativamente evitado ou suportado com intenso sofrimento ou ansiedade pela vítima.

Nas fobias, os sintomas se mostram desproporcionais em relação ao perigo imposto pelo contexto. E, não por menos, eles podem causar repercussões mentais, físicas e sociais consideráveis.

A fobia social é um dos tipos mais comuns e impactantes. É caracterizada pelo medo diante de uma ou mais situações em que o indivíduo está exposto a outras pessoas. Os exemplos são diversos: há quem não consiga manter uma conversa com alguém que não é familiar a sujeitos que não aguentam se sentir observados ou avaliados pelos outros.

O quadro pode iniciar na infância e continuar pela vida adulta, trazendo consequências como depressão e maior risco de alcoolismo. Tudo isso só reforça a necessidade de procurar um profissional de saúde se estiver sofrendo com esses sintomas.

Eduardo Tancredi é psiquiatra, diretor médico da rede de clínicas de atendimento eCare Life e membro do comitê Asap (Aliança para a Saúde Populacional)

Fonte: veja.abril.com.br

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