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Diabetes: uma em cada dez pessoas entre 20 e 79 anos tem a doença

Brasil é o sexto país com maior incidência do problema no mundo, e muitas pessoas sequer sabem que convivem com ele

Sede e fome excessivas, ferimentos de difícil cicatrização, vontade constante de urinar, perda de peso e visão turva ou sem foco. Por não serem específicos e variarem de pessoa para pessoa, muitas vezes quem tem diabetes demora a relacionar estes sintomas com a doença.

Ou, quando o fazem, já se encontram em estágio avançado, o que aumenta as chances de o paciente sofrer consequências severas do problema, como a ocorrência de cardiopatias, acidente vascular cerebral (AVC), doença renal, lesões na retina e até amputações.

Segundo o Atlas da Federação Mundial do Diabetes, 537 milhões convivem com o mal, ou um em cada 10 adultos entre 20 e 79 anos. Mais de 6,5 milhões de mortes por ano são atribuídas à enfermidade. Se a tendência se consolidar, até 2045, teremos 784 milhões portadores da doença.

No Brasil, estima-se que 12 milhões tenham diabetes tipo 2, que corresponde a 90% dos casos, quando o corpo não produz insulina suficiente. Somos o sexto país com a maior incidência, atrás da China, Índia, Paquistão, Estados Unidos e Indonésia.

De acordo com projeção do Atlas, a tendência é que o número de brasileiros acometidos seja de 18 milhões até 2045, um aumento de 50% previsto para as Américas do Sul e Central. Dados do estudo também apontam que o aporte em tratamentos mais os gastos com as consequências da doença somam US$ 966 bilhões por ano no mundo, 9% do investimento global em saúde.

A estimativa nada promissora, porém, pode ser revertida se a sociedade se conscientizar sobre a gravidade e tomar atitudes simples, que incluem mudança no estilo de vida e a realização de exame de sangue periódico.

Quando o diabetes já está instalado, o acompanhamento médico e o controle da glicemia, muitas vezes com o uso de remédios ou aplicação de insulina, deve ser seguido para não agravar o quadro.

Mas um dos grandes gargalos é justamente o não diagnóstico. Ainda segundo o Atlas do Diabetes, em média, no mundo, 50% daqueles que têm a doença não são diagnosticados. No Brasil, entre 35 e 44% ignoram o próprio estado de saúde. O perigo que representa este desconhecimento é incalculável: esses indivíduos não tomarão os cuidados que o diabetes requer.

Em pesquisa feita pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), com 2.764 entrevistados em cidades do interior e na capital paulista, 45% não sabiam identificar os sintomas; 46% disseram saber por terem familiares e amigos com o distúrbio e 9% tinham a doença constatada. Somente 8% estavam cientes do risco de desenvolvimento de cardiopatias por conta do diabetes.

Diabetes em países de baixa e média rendas

Três em cada quatro pessoas com diabetes vivem em países de média e baixa rendas. Entre outros fatores, esta correlação pode ser atribuída à alimentação barata e de baixa qualidade à qual a população de menor poder aquisitivo tem mais acesso.

Muitas vezes, a falta de informação sobre o baixo valor nutricional, o excesso de oferta e até o apelo de mídia induzem ao erro. Os ultraprocessados – bebidas adoçadas, guloseimas, biscoitos recheados, sorvete, congelados (pizzas e hambúrgueres), embutidos, nuggets etc. – são exemplos. A Socesp publicou e-book gratuito sobre o diabetes e a alimentação.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, criado há dez anos pelo Ministério da Saúde, traz essa reflexão, alertando a respeito dos produtos ultraprocessados serem pobres em fibras, vitaminas, minerais e outras substâncias com atividade biológica presentes em alimentos in natura ou minimamente processados.

A ausência deles aumenta a probabilidade de diabetes, doenças do coração e vários tipos de câncer.

Em contrapartida, o Guia salienta que legumes e verduras são saudáveis e excelentes fontes de fibras, vitaminas e minerais, importantes para prevenir as deficiências de micronutrientes e são hipocalóricos. Portanto, ideais para combater a obesidade e as doenças crônicas associadas a esta condição, como o próprio diabetes e problemas do coração.

O Dia Mundial do Diabetes, 14 de novembro, foi a data escolhida para alertar o mundo sobre os perigos deste distúrbio. Trata-se do aniversário do médico canadense Frederick Banting, que descobriu a insulina juntamente com seu conterrâneo, o fisiologista Charles Best.

Ciente de seu papel como entidade médica, a Socesp promoverá campanha de conscientização durante este mês, mostrando que, além de ser um mal por si só, o diabetes é um atalho para uma série de problemas cardíacos.

Estarão disponíveis postagens informativas, entrevistas e podcasts nas mídias sociais e no site, sempre em linguagem acessível, esclarecendo sobre cuidados e, principalmente, prevenção, que inclui hábitos saudáveis, como manter o peso ideal, não fumar, controlar a pressão arterial e fazer atividade física constantemente.

Maria Cristina Izar é cardiologista, presidente da Socesp (biênio 2024/2025) e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo. Valéria Machado é coordenadora geral do Departamento de Nutrição da SOCESP e mestre e doutora em Ciências Aplicadas à Cardiologia.

FONTE: saude.abril.com.br

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