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Trabalhar demais aumenta em até 45% o risco de AVC, comprova estudo

Para surpresa dos pesquisadores, o risco de sofrer AVC em decorrência do trabalho parece ser maior para indivíduos abaixo dos 50 anos.

O excesso de trabalho tem sido associado à diversos problemas de saúde, especialmente mental, como stress crônico, ansiedade e depressão. Agora, novo estudo indica que fazer muitas horas extras aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC).

A pesquisa, publicada recentemente na revista Stroke, indica que quem trabalha mais de 10 horas diárias por 50 dias durante o ano está 29% mais propenso a sofrer AVC. O risco é ainda maior para quem mantém essa rotina ao longo de 10 anos: 45%.

Os pesquisadores descobriram também que esse risco parece ser maior para indivíduos com menos de 50 anos de idade. A descoberta foi uma surpresa, já que a população com maior propensão a sofrer AVC está acima dos 65 anos. A equipe acredita que os resultados do estudo explicam porque pessoas estão desenvolvendo a doença cada vez mais cedo.

Este foi o caso de Jeff Hiserodt, de 42 anos. “Eu tive um coágulo de sangue atrás do meu olho direito. Fiquei paralisado do lado esquerdo e cego”, contou à ABC News. Ele revelou que dedicava 60 a 65 horas por semana (cerca de 10 horas por dia) ao seu negócio.

Apesar de não ter sido possível encontrar uma relação direta entre o trabalho excessivo e o risco de AVC, a equipe acredita que a associação possa ser explicada pelo tipo de trabalho, como trabalhos noturnos ou muito estressantes, e aos hábitos nocivos que as pessoas adquirem ao passar mais tempo trabalhando, incluindo alimentação inadequada e falta de exercício físico.

O trabalho noturno, por exemplo, interfere no relógio biológico, responsável por regular diversas funções do organismo. Empregos que afetam o estilo de vida, podem despertar hábitos nocivos, com maior consumo de álcool e cigarro. Ainda há aqueles cuja rotina estressante pode provocar insônia.

“Há uma modificação do comportamento ligada ao trabalho, principalmente ao excesso de trabalho a longo prazo, o que pode justamente, acarretar a ocorrência de um acidente cardiovascular”, explicou Alexis Descatha, principal autor do estudo, à Rádio França Internacional (RFI).

Diante disso, a recomendação é tentar manter uma rotina de trabalho consciente que não exclua as horas de descanso, lazer e cuidados com a saúde. “Coma de forma saudável, se exercite por pelo menos 30 minutos por dia e certifique-se de ser cuidadoso com fatores de risco como pressão alta, colesterol alto ou qualquer problema cardíaco”, disse Arbi Ohanian, do Huntington Hospital, nos Estados Unidos, à revista People.

O estudo

Os pesquisadores chegaram a esta conclusão depois de analisar dados de 143.592 participantes com idade entre 18 e 69 anos. Entre os voluntários, 42.542 relataram trabalhar mais de 10 horas por dia, enquanto 14.481 afirmaram ter trabalhado em excesso ao longo de 10 anos ou mais. Ao longo do estudo, que começou em 2012, 1.224 participantes sofreram AVC. Após excluir fatores de risco para a doença, como sexo, idade e tabagismo, a equipe concluiu que trabalhar demais eleva o risco de acidente vascular cerebral.

 O que fazer?

Apesar do resultado preocupante, especialistas afirmam que não há motivo para pânico. “Todo mundo tem diferentes situações sociais. Você não pode simplesmente dizer para alguém não trabalhar em determinada área ou empresa porque é estressante, afinal, todo trabalho é estressante. Mas se você perceber que o stress chega a um ponto em que não é saudável, então é uma história diferente. Você deveria reconsiderar o que faz.”, comentou Ohanian.

Ele ainda explicou que manter uma rotina de vida mais ativa e saudável ajuda a evitar riscos de saúde. Portanto, mantenha uma alimentação balanceada, pratique atividade física e visite um médico regularmente, especialmente aqueles que já apresentam fatores de risco para o AVC, como hipertensão e colesterol alto.

Cuidado com suplementos

Assim como o excesso de trabalho aumenta o risco de AVC, outros hábitos comuns podem comprometer a saúde cardiovascular. Um novo estudo indica que suplementos vitamínicos que combinam cálcio e vitamina D aumentam em 17% o risco de acidente vascular cerebral.

Segundo os pesquisadores, a combinação pode causar aterosclerose, doença caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nas paredes arteriais, o que provoca endurecimento das artérias. Quando essas placas se rompem, as artérias podem ficar obstruídas por coágulos.

Esse tipo de suplemento é comumente comercializado como forma de preservar a resistência óssea e costuma ser adquiridas por pessoas mais velhas, cujo risco de AVC já é aumentado. De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), a suplementação alimentar é desnecessária para a maioria das pessoas, uma vez que é  possível conseguir a quantidade necessária de vitaminas e minerais apenas mantendo uma  dieta balanceada. Portanto, aqueles que acreditam precisar de alguma vitamina, devem procurar um médico para confirmar a necessidade e receber a prescrição adequada.

FONTE: veja.abril.com.br

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