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Sepse: infecção é uma das principais causas de morte no mundo

Considerado um problema de saúde pública, uma em cada dez pessoas desconhece a sepse, responsável por 233.000 óbitos em UTIs no Brasil.

Com apenas nove meses de vida, o britânico Patrick Kane teve dois membros amputados: parte da perna direita, do braço esquerdo e os dedos da mão direita. A causa? A septicemia, ou apenas sepse, infecção grave causada pela resposta sistêmica de defesa do organismo. A síndrome é uma das maiores causas de morte no mundo, no entanto, poucas pessoas sabem que ela existe.

Quando Patrick acordou passando mal, mole e apático, o médico da família receitou apenas um analgésico. Entretanto, ainda preocupada, sua mãe decidiu levá-lo a outro médico. Nesse momento, a situação se agravou. “Foi tudo muito rápido… Logo na chegada eu tive falência múltipla de órgãos“, contou o rapaz, hoje com 19 anos, à rede BBC. Depois disso, Patrick ficou internado por três meses no Hospital St. Mary’s, em Londres. “Ou você conhece alguém que teve sepse, ou você nunca ouviu falar disso.”

A síndrome

A princípio, o sistema imunológico entra em ação para atacar uma infecção e evitar que ela avance. No entanto, se ela consegue se espalhar pelo corpo, o sistema de defesa do organismo impõe uma resposta inflamatória total na tentativa de combatê-la. “Eu praticamente morri sete vezes. Durante muito tempo, era uma incógnita se eu conseguiria sobreviver”, contou Patrick. Qualquer processo infeccioso, causado por bactérias, vírus, fungos ou protozoários, seja uma infecção urinária ou uma pneumonia, pode evoluir para uma infecção generalizada, como é conhecida. Se não diagnosticada rapidamente, pode comprometer o funcionamento dos órgãos e, até mesmo, levar a morte.

Alta taxa de mortalidade

No Reino Unido, a doença mata mais que o câncer de intestino, o câncer de mama e o de próstata juntos. Já no Brasil, de acordo com pesquisa do Datafolha para o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), ela é responsável por cerca de 233.000 óbitos em UTIs. Calcula-se que 55% dos casos registrados de sepse resultam em óbito. Para agravar a situção, a síndrome é desconhecida por nove a cada dez pessoas. A pesquisa entrevistou brasileiros de 134 municípios e 93,4% nunca tinham ouvido falar sobre a doença.

“Os sintomas não são específicos, é difícil para a população em geral suspeitar que possa estar com sepse. Muita gente demora a procurar atendimento porque acha que os sintomas fazem parte do próprio quadro de infecção”, explicou à BBC Brasil Luciano Azevedo, presidente do ILAS. O diagnóstico precoce é fundamental. A falta de conhecimento aliada a falta de infraestrutura da rede hospitalar, principalmente emergencial, são um dos fatores que explicam a alta taxa de mortalidade. “Acredita-se que o número inadequado de profissionais para atendimento, ou seja, muitos pacientes para poucos médicos, e a dificuldade de acesso aos leitos das UTIs também colaboram para a elevada taxa de mortalidade”, disse Azevedo.

Sintomas

Idosos, crianças de até dois anos e pacientes com doença crônica não controlada ou deficiência do sistema imunológico apresentam um risco maior de desenvolver o quadro. Segundo a organização UK Sepsis Trust, do Reino Unido, os sintomas, em adultos, são: fala arrastada, tremores extremos ou dores musculares, baixa produção de urina (ficar um dia sem urinar), falta de ar severa, pele manchada ou pálida.

Em crianças pequenas, os sintomas podem incluir: aparência manchada, azulada ou pálida, dificuldade de acordar, pele fria fora do normal, respiração muito rápida, erupção cutânea que não desaparece quando você pressiona, convulsão.

Tratamento

O controle da ação bacteriana, e consequentemente da resposta inflamatória, é o foco principal e precisa ser feito com urgência. Em alguns casos, são necessárias medidas secundárias, como hemodiálise e ventilação mecânica, para conter possíveis insuficiências renal e respiratória. “Esse tratamento de suporte substitui as funções do organismo que estão prejudicadas, enquanto o antibiótico faz efeito. E é fundamental que o paciente esteja sempre monitorado, em decorrência das complicações que pode ter”, explicou Azevedo.

Fonte:veja.abril.com.br

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