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Está difícil parar de fumar? Culpe o seu cérebro.

Há décadas a ciência tenta decifrar o fato de algumas pessoas conseguirem abandonar o vício e outras não. A resposta pode estar na força das conexões cerebrais

Parar de fumar não é fácil para ninguém, mas algumas pessoas têm mais facilidade do que outras. Essa diferença pode ser definida pelo cérebro de cada um. É o que um novo estudo da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, sugere. O experimento, publicado na revista científica Neuropsychopharmacology, utilizou imagens de ressonância magnética funcional para analisar a atividade cerebral de 85 fumantes – com o hábito de fumar pelo menos dez cigarros por dia. O exame foi realizado um mês antes da data estabelecida para que os participantes parassem de fumar.

Todos eles foram acompanhados nas dez semanas seguintes.

Das 85 pessoas analisadas, 41 tiveram recaída e voltaram a fumar, enquanto as outras 44 se mantiveram firmes em abandonar o hábito. Ao analisar as imagens, os pesquisadores perceberam que aquelas que pararam de fumar tinham uma coordenação maior entre a ínsula, uma pequena região do cérebro associada aos impulsos e desejos, e o sistema somatossensorial, responsável pelo tato e controle motor. “A ínsula envia mensagens para outras regiões cerebrais que decidem se pegam um cigarro e fumam ou não”, disse Meredith Addiocott, autora do estudo.

A ínsula é uma das regiões cerebrais favoritas dos pesquisadores que estudam o abandono do cigarro. A comunidade científica acredita que ela possa agir como uma ponte, conectando as regiões cerebrais associadas à recompensa e ao controle de comportamento impulsivo. A ínsula também é objeto de estudo para outros problemas de vício, como alcoolismo.

Recompensa – Outro estudo publicado nesta semana na revista científica The New England Journal of Medicine mostrou que o dinheiro pode ser um fator relevante na hora de largar o vício. O objetivo do levantamento era investigar qual era o melhor incentivo: a oferta de dinheiro a quem desejava parar de fumar ou a ameaça de perder dinheiro.

Para o experimento, os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, analisaram o comportamento de 2 000 funcionários de uma rede americana de farmácia. Quem foi ameaçado de ser privado de um depósito foi mais bem-sucedido na tarefa de abandonar o cigarro do que aqueles que tiveram dinheiro como recompensa. “O estudo alavanca a aversão natural que as pessoas têm em perder dinheiro”, disse à Reuters o autor do estudo Scott Halpern.

Brasil – De acordo com o último levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de fumantes registrou queda de 20% em

cinco anos, caindo de 18,5%, em 2008, para 14,7%, em 2013. No total, são 25 milhões de ex-fumantes. A vontade de parar de fumar é frequente entre aqueles que enfrentam o vício. Dos entrevistados que fumam, 51% afirmaram ter tentado largar o hábito nos 12 meses que antecederam a pesquisa. As mulheres são as que mais persistem com 55,9% — contra 47,9% dos homens.

O consumo de cigarro está associado à diversos problemas de saúde. Sabe-se, por exemplo, que fumar durante duas décadas aumenta em 17 vezes o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão e em 10 vezes o de infarto e derrame.

FONTE: veja.abril.com.br

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