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Diabetes: em breve, tipo 2 pode ter novo tratamento personalizado

Uma nova forma de agrupar os tipos de diabetes pode melhorar o tratamento do tipo 2. A descoberta foi feita por pesquisadores escandinavos.

O diabetes é caracterizado pelos níveis permanentemente elevados de açúcar (glicose) no sangue. Há duas formas principais da doença: o diabetes tipo 1 causado pela destruição das células que produzem a insulina, que é o hormônio que controla a glicose sanguínea (glicemia); e o tipo 2 no qual a insulina é produzida, em alguma medida, mas sem exercer seu efeito plenamente.

Diabetes: tipo 1 e tipo 2

A causa da destruição das células beta que ocorre no diabetes tipo 1 é conhecida há muito tempo e se deve ao ataque do próprio sistema imunológico que passa a produzir anticorpos contra estas células, destruindo-as e provocando uma carência absoluta de insulina. Por este motivo, o tratamento com a insulina é obrigatório no diabetes tipo 1 desde o diagnóstico.

Assim, o diabetes tipo 1 é identificado pela presença de um ou mais anticorpos dirigidos contra componentes das células beta (anti-GAD, anti-insulina, anti-IA2 e outros). Todos os demais portadores de diabetes que não apresentam esses anticorpos e tampouco sofrem de formas secundárias (devido a outras doenças ou medicamentos) são diagnosticados como tendo diabetes do tipo 2, que constituem de 85-90% dos casos e apresentam a enfermidade que mais cresce no mundo.

Para o tratamento do diabetes tipo 2, há uma grande variedade de medicações orais disponíveis que podem ser utilizadas isoladamente ou em combinações inclusive com as insulinas.

Nova divisão do diabetes

Recentemente, cientistas escandinavos acompanhando um grande grupo de pacientes desde o diagnóstico (8980 pacientes na província de Scania) decidiu levar em conta não só a glicemia ou a hemoglobina glicada (que representa a glicemia média de 120 dias) e a presença ou não de anticorpos contra as células beta, mas também a idade ao diagnóstico, o índice de massa corporal (obesidade ou não), a capacidade de produzir insulina (HOMA-beta) e a sensibilidade à insulina (HOMA-R). Estes 2 últimos parâmetros são facilmente calculados por uma fórmula que inclui as dosagens de glicose e insulina.

Utilizando métodos estatísticos sofisticados, desenvolvidos para a análise de uma enorme quantidade de dados (análise de cluster em BIG DATA), concluíram que a população de portadores de diabetes poderia ser dividida em cinco grupos significativamente diferentes: o primeiro grupo, denominado SAID (diabetes auto imune severo), corresponde exatamente ao tradicional diabetes tipo 1, por apresentar os anticorpos anti-GAD.

O segundo grupo, denominado SIDD (diabetes severo com deficiência de insulina), constitui um grupo muito semelhante ao primeiro, mas sem apresentar os auto anticorpos. Estes dois primeiros grupos compartilham a idade mais jovem, um peso menor e a maior dificuldade de controle, requerendo tratamento precoce com a insulina.

O terceiro grupo, denominado SIRD (diabetes com resistência severa à insulina), se caracteriza por ser diagnosticado por volta dos 55 anos de idade, apresentar obesidade leve, ter uma dificuldade intermediaria no controle do diabetes e principalmente, por apresentar um menor efeito da insulina produzida no organismo.

O quarto grupo inclui os pacientes mais obesos e que apresentam uma glicemia levemente alterada, denotando um diabetes de fácil controle, é denominado MDOR (diabetes moderado relacionado à obesidade) e o último grupo denominado MDAR (diabetes moderado relacionado à idade) tem também características de diabetes de fácil controle, mas os pacientes são os mais idosos e não apresentam obesidade.

Para testar a validade de sua descoberta, os investigadores analisaram outras 3 populações independentes, embora todas escandinavas, encontrando os mesmos 5 grupos.

Complicações do diabetes

Desde já, um achado importante é que os grupos descritos diferem no risco de desenvolvimento de complicações. O acompanhamento por 11 anos das comunidades estudadas revelou que o risco de doença cardiovascular era semelhante entre os grupos, mas o risco de retinopatia era maior para os grupos com deficiência de insulina (grupos 1 e 2). Por outro lado, o risco de desenvolver nefropatia diabética com evolução para a necessidade de diálise foi 5 vezes maior no grupo com maior resistência à insulina (grupo 3), apesar deste grupo não ter um controle pior da glicemia. Este fato revela que o bom controle do diabetes não é suficiente para prevenir esta complicação.

Atualmente, as recomendação de tratamento são semelhantes para todos os pacientes com diabetes tipo 2, mas é provável que a resposta aos diversos tratamentos sejam diferentes para os diversos grupos. No rumo à um tratamento mais personalizado para o diabetes tipo 2, isso será certamente investigado.

FONTE: veja.abril.com.br

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